segunda-feira, 24 de outubro de 2011

em jeito de homenagem

De todos os regressos nem sempre os mais difíceis são para lugares distantes. Voltar ao Chegadinho, afinal bem perto, estava no meu programa, passo lá de carro vezes sem conta, mas faltava a decisão. Procurar a Luisa e a Bárbara, isso é que me demorou a fazer. Tinha de ser a pé, por ruas um pouco escusas. Assim fiz, finalmente. Encontrei as casas, mais ou menos onde a memória me dizia que elas estavam. Não as vi a elas, mas já sei onde estão. Os cães que ladravam lá de dentro, não me deixaram entrar. Duvido que estivesse alguém em casa, senão teriam vindo ver o que fazia ladrar os cães.
Vinha a este lugar duas ou três vezes por semana, fazer o que deveria ter sido alfabetização e não foi. Não sei se alguma das minhas alunas aprendeu de facto a ler, depois disso. Mas custa-me admitir que o bairro de lata ainda existe e tem mais e mais pobres, que agora convivem de perto com prédios novos e de bom aspecto. Nada mudou no essencial para estas pessoas, e tanta era a esperança delas. Tenho de lá voltar, talvez fazer um filme para termos todos a certeza que estamos vivos e que o que aconteceu nesse tempo não foi ficção, mas um bocado de realidade que roubámos ao sonho, nesses anos perdidos de 75 e 76...

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